Acompanho o dia a dia do Supremo Tribunal Federal de perto, e notei nas últimas semanas que o tom das conversas tinha mudado.
Passada a agitação da posse de Flavio Dino, em fevereiro, veio uma estranha calmaria no noticiário sobre a corte. E mais recentemente algumas faíscas discretas começaram a aparecer. Estranhei e fui atrás.
Conversei com três ministros do Supremo, alguns interlocutores frequentes deles, e me pus a observar as palavras e, sobretudo, os gestos. O tempo político do Supremo mudou.
Depois dos rachas homéricos dos tempos da Lava Jato, e da união quase total contra o extremismo bolsonarista, começa uma nova fase na corte.
Luís Roberto Barroso assume a presidência com uma defesa clara da colegialidade das decisões, ou seja, preferindo julgamentos em plenário com os 11 ministros ou, vá lá, nas turmas, com 5. Seria o esperado, não fosse o contexto.
O Supremo vem de uma longa e extenuante temporada de decisões individuais (as tais “monocráticas”, no linguajar jurídico) de Alexandre de Moraes.
O relator dos inquéritos das fake news e milícias digitais teve amplo apoio dos colegas (e da sociedade) nas medidas que são apontadas como responsáveis por garantir a manutenção da democracia no país diante dos ataques às instituições na era bolsonarista.
Mas esse respaldo, em tempos de menos ameaça, começa a ser, de leve, aos poucos e sutilmente, questionado.
Viajei a Brasília para ouvir de dentro de gabinete de ministro que nem tudo que Alexandre de Moraes decide está certo. Testemunhei no Congresso Nacional a ira da oposição com quem eles chamam de “ditador”.
E captei nas entrelinhas aliados admitirem que os famosos e temidos inquéritos precisam — mais cedo ou mais tarde — chegar ao fim. E de recado em reca
Por: Almi Coelho