Fora das alianças e conchavos políticos naturais de Brasília, alguns acontecimentos do submundo do bolsonarismo têm tirado o sono do presidente da República. Há poucos dias chegou a notícia de que Fabrício Queiroz será candidato a deputado federal este ano, só que isso vai muito além da versão de que o “nome proibido” no Planalto quer apenas um mandato parlamentar. Ele é o policial militar aposentado apontado por investigações do Ministério Público como homem-forte e operador dos esquemas de rachadinhas da família presidencial.
Segundo uma informação do colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles, a intenção de candidatar-se e ser deputado de Queiroz surgiu após ficar claro para os seguidores bolsonaristas que um guarda-costas do presidente, chamado Max Guilherme Machado de Moura, lotado oficialmente como “assessor especial da Presidência”, será candidato ao mesmo cargo e, ao que parece, receberá apoio do líder extremista, que inclusive permitirá que ele dispute os votos com o nome “Max Bolsonaro”.
A história começa lá atrás, quando Queiroz apresenta Max, um sargento aposentado do temido BOPE fluminense, ao então deputado Jair Bolsonaro. Com o passar dos anos e a ascensão ao estrelato que levou o ex-capitão extremista à chefia do Estado, Max torna-se homem de confiança do presidente e Queiroz se vê abandonado pelo dois, já que seu nome é proibido no cotidiano palaciano por conta das inúmeras denúncias de corrupção o envolvendo. Jair e Max teriam se tornado grandes amigos, ao passo que Queiroz foi largado na pista por estar “sujo” nos círculos íntimos do Planalto.
A versão que circula é a de que a candidatura de Queiroz é um desafio duplo: a Max e, sobretudo, a Bolsonaro. Magoado com o guarda-costas presidencial que um dia apresentou ao político que se converteria em presidente e que hoje sequer lembra dele e posa de grande amigo do “mito”, o acusado de operar as rachadinhas do clã extremista quer se lançar candidato para tomar os votos de Max, já que os dois disputariam o mesmo nicho eleitoral no Rio de Janeiro. Já em relação a Bolsonaro, a intenção de Queiroz é “pagar de louco” e ver se o presidente apoiará mesmo um rival que ele odeia, sabendo que o acusado de depositar cheques polpudos para a primeira-dama é uma bomba-relógio prestes a explodir, ou melhor, a abrir a boca.
Weitraub vai no mesmo caminho
O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub é uma outra figura do bolsonarismo raiz que parece estar disposto a tentar intimidar o presidente. Figura tida como patética fora das hostes animalizadas dos seguidores mais radicais de Jair Bolsonaro, o antigo ocupante do MEC considera-se um “indicado natural” à candidatura ao governo de São Paulo, ainda que não tenha feito qualquer coisa de relevante e conseguido fama apenas por conta de suas gafes ortográficas e precário intelecto.
De volta ao Brasil depois de uma temporada nos EUA fugindo das autoridades brasileiras por ter ameaçado ministros do STF, e com um generoso salário arranjado pelo “mito” no Banco Mundial, Weintraub já chegou atirando, ainda que posando de amigo.
Numa entrevista ao podcast Inteligência Ltda, o bravateiro que já “gerenciou” a Educação nacional disse que meses antes da posse de Bolsonaro, no período de transição, o então futuro presidente teria reunido os futuros ministros e principais assessores e dito que havia chegado a ele a informação de que estouraria uma investigação contra seu filho Flávio e que todos poderiam ficar tranquilos porque aquilo dizia respeito apenas ao seu rebento, que se alguém tivesse feito algo errado e tivesse que ser punido por isso, seria apenas o recém-eleito senador.
Traduzindo: Weintraub dedurou e confirmou a veracidade de um absurdo escândalo envolvendo o coração da família presidencial e, dissimuladamente, o fez tentando deixar a impressão que “apenas contava um caso”, jurando ser ainda um aliado da família Bolsonaro.
A atitude de Abraham Weintraub foi uma clara afronta ao ex-chefe, que já afirmou que seu candidato a governador em São Paulo em outubro será o ministro do Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, negando publicamente apoio às pretensões eleitorais do ex-ministro da Educação.
De forma não tão sutil, Weintraub deu a declaração bombástica como quem não quer nada e, simultaneamente, lembrou a Jair Bolsonaro que é um arquivo vivo e que sabe de muita coisa, desde antes de seu caótico governo começar.
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Fonte/Referência: https://revistaforum.com.br/politica/chantagem-candidatura-queiroz-desafia-bolsonaro-weintraub/