Por:Ladinne Campi
O retorno das aulas presenciais deve ocorrer com responsabilidade e sem traumas para crianças e adolescentes. Famílias e escolas devem se unir para reforçar medidas de segurança e cuidar da saúde mental dos estudantes.
Para muitas famílias, a volta às aulas presenciais representa alívio. Durante o período pandêmico, a falta de socialização dos pequenos impactou o desenvolvimento, sobretudo na primeira infância. Um estudo produzido pelo comitê científico do Núcleo da Ciência Pela Infância (NCPI) constatou que o distanciamento social gerou medo, estresse, irritabilidade, maior apego aos pais, agitação, infantilização nas falas e comportamentos regressivos. Outros comportamentos frequentemente observados foram:
• Desatenção
• Preocupação
• Problemas do sono
• Falta de apetite
Neste sentido, o retorno ao ambiente escolar representa, enfim, uma luz no fim do túnel. A bacharel em direito Érika Mota vê o retorno com bons olhos: “A minha filha Júlia, de 4 anos, está ansiosa para o retorno presencial. Para ela, foi muito doloroso lidar com a saudade dos coleguinhas, professoras e a mudança na rotina. Este também será o primeiro ano da Bruna, de um ano, na creche”, ressalta.
Motivos não faltam para tanta empolgação. Érika observou um salto de desenvolvimento significativo na filha mais velha, antes da pandemia. “É difícil acompanhar esse ritmo em casa, tanto em relação às tarefas, quanto ao cognitivo, pois nada se compara ao contato frequente com outras crianças.”
Existe, porém, uma parcela das famílias que se opõe ao retorno presencial obrigatório. O fato é que as doenças respiratórias costumam acometer, principalmente, os jovens, como é o caso da asma. De acordo com o CDC (Centers for Disease Control and Prevention), cerca de 6,2 milhões de menores de 18 anos são asmáticos no mundo. A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) estima que, por aqui, 20% da população jovem sofra com o problema.
Outras questões estão embutidas, como o fato dos jovens morarem com parentes do grupo de risco e a própria atenção das famílias com a saúde dos estudantes, uma vez que somente na capital carioca, a variante ômicron aumentou em mais de dez vezes o número de infecções em crianças entre 5 e 11 anos na primeira quinzena de janeiro.
BÊ-A-BÁ DA SEGURANÇA
De fato, passamos por um momento delicado; porém, as escolas, famílias e autoridades de saúde devem estar em sintonia para que o retorno seja feito com responsabilidade e sem traumas para as crianças e adolescentes.
As medidas básicas de proteção e higiene devem ser reforçadas em casa e mantidas no ambiente coletivo. São elas:
• Usar máscara – neste caso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) explica que o uso não é obrigatório em crianças menores de 2 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a máscara não deveria ser exigida antes dos 5 anos, mas, dentro do contexto de volta às aulas, a instrução é de que o uso seja sob supervisão de um adulto.
• Higienizar as mãos
• Manter o distanciamento social
• Não compartilhar objetos de uso pessoal
• Manter janelas e portas abertas, com circulação de ar
Pais devem se manter atentos ao cumprimento dos protocolos nas escolas estabelecidos por cada cidade e serem, cada vez mais, vozes ativas e decisivas no combate ao coronavirus.
“Júlia tem crescido neste contexto pandêmico e, para ela, os cuidados básicos de higiene fazem parte do dia a dia. Mesmo assim, estou reforçando e explicando, de forma lúdica, que a atenção deverá ser redobrada”, ressalta Érika.
Érika está certa, mas especialistas têm alertado que pais e cuidadores devem lembrar de completar o calendário vacinal das outras doenças antes da volta às aulas. Além disso, uma visita ao pediatra é sempre válida (os pequenos também fazem check-up!) e o principal: alerta máximo diante de um possível sintoma atípico.
No caso dos adolescentes, que já estão vacinados, o sentimento de segurança é maior. Mas, vale explicá-los que, mesmo protegidos, podem ser infectados e vetores de contaminação para outras pessoas.
No Brasil, a vacinação de crianças de 5 a 11 anos teve início no dia 11 de janeiro. Porém, o cenário ainda é de incerteza em relação ao calendário e a disponibilidade das doses para que a campanha, de fato, avance.
ASPECTOS PSICOLÓGICOS IMPORTAM
Especialistas explicam que o momento pede parcimônia. Reinserir crianças e adolescentes no convívio social deve ser um movimento de toda a família, de mãos dadas com as escolas. De fato, algumas pessoas têm mais facilidade de adaptação; outras, porém, necessitam de um período mais longo, repleto de atenção e cuidado.
Pais e professores devem se manter atentos a sinais como ansiedade, falta de atenção e de interesse para voltar à escola, timidez demasiada, agressividade, agitação em excesso, choro e outros sintomas que fogem ao seu padrão natural de comportamento.
Neste sentido, a dica é apostar no diálogo, fazendo perguntas claras e sem cobranças. Se os pais observarem que a dificuldade está afetando outras áreas da vida ou durando um período mais prolongado, vale, ainda, contar com a ajuda de um profissional, através da psicoterapia.
Semprebem.paguemenos.com.br
Fonte/Referência: https://www.onortao.com.br/preparando-criancas-e-adolescentes-para-a-volta-as-aulas/