José Fernando Chiavenato
RIBEIRÃO PRETO TEM UM raro ajuntamento de vereadores ridículos e incapazes. Não existe parlamento, há raras exceções. Nada poderia ser mais desastroso e inconveniente. Pagamos um alto preço político por um pecado que cometemos em um único dia. Assim é a política. Elegemos 22 edis – cinco a menos em relação à última legislatura – e, ainda assim, comemoramos de forma burra e insensata. A Câmara passada – alguns ainda se ‘perpetuaram’ nesta temporada – foi covarde, omissa e submissa. Oportunista, como sempre. Esse novo agrupamento de velhos ‘quinzinhos’ desconceituados é um desperdício de tempo e oportunidade. Qualquer reunião de BBBs à beira do abismo amoral, é mais interessante e saborosa.
TEMOS UM PRESIDENTE que sofre de rouquidão social – não fala, não se expressa e não se representa. Há um protervo que tenta se mostrar novo, mas representa o que há de mais velho e superado na política nacional. Há quem prefira ser a camélia inodora, aplaude o princesamento, defende o “…era uma vez…’ e substitui (na história política) a Constituição pela Bíblia. Aqueles que batalham em causa própria são muitos. Quase uma maioria. Mas há, ainda ou também, os que se tratam como acima do bem e do mal. Exibem paredes emolduradas de bacharéis e metres em cursos que não fazem a menor diferença na universidade da vida.
ESPANTOSO, PARA DIZER o mínimo, o quanto é inútil, frustrante e tão rasa a nossa representatividade. Desde o silêncio quase sepulcral da esquerda, ao puxa-saquismo escancarado dos adeptos e viciados no Poder. A Câmara que temos, nem de longe pode representar a Câmara que queremos. É fraca, quase sem voz e lamentavelmente covarde. Se você, oh, caro leitor, responder em menos de duas horas um único projeto de largo alcance social desta cacaria, dê-se por feliz. Concorre a um jantar com direito a acompanhante no mais luxuoso restaurante de Majdanpek, interior da Sérvia. Passagens e hospedagem por sua conta, claro.
DE JOELHOS, A CÂMARA dos nossos solertes vereadores deveria pedir perdão à ciência política. É a antítese do que podemos julgar providencial. Sem voz, sem alarido, é apenas um prédio cheio de maus remendos e que exala parosmia incurável. Quem se importa? Parece que ninguém.
(Jornalista e escritor das antigas, que tenta enxergar o Brasil sem miopia política ou catarata social. É um teimoso profissional, alguém que ainda acredita que dias melhores virão; mas sabe que o pior sempre vence a corrida da tragédia. “O ser humano precisa ser reinventado, essa geração não deu certo”, confissão que o autor jura ter ouvido de Deus)
Por: José Fernando Chiavenato
Fonte/Referência: https://thathi.com.br/blog/parabolica/perda-de-tempo/