O fato do ex-presidente Lula (PT) cogitar uma chapa com Geraldo Alckmin (sem partido) para concorrer à presidência e suas conversas com figuras do centro político brasileiro têm animado o mercado financeiro internacional. Em entrevista à Bloomberg, o sócio da gestora de fundos de investimentos Gauss Capital, Carlos Menezes, afirmou que a movimentação do petista vêm embalando a entrada de recursos estrangeiros no país.
“Lula vindo com um discurso mais centrista de certa forma reduz o risco de cauda de radicalismo caso ele vença a eleição”, disse Menezes.
Segundo o gestor, o investidor estrangeiro tem apostado na tese de um futuro governo Lula não-radical, o que tem o feito ficar mais otimista que o investidor local.
Notícias relacionadas
A declaração de Menezes vem um dia após Lula afirmar, em entrevista, que confia em Alckmin para ser seu candidato a vice e que uma chapa entre os dois seria “bom para o país”.
Ex-presidente do Credit Suisse: “Bolsonaro oferece muito mais riscos do que Lula”
Copresidente do banco Credit Suisse nas eleições de 2002 quando Lula (PT) foi eleito Presidente da República pela primeira vez, Marcelo Kayath, que hoje atua no mercado financeiro administrando mais de R$ 1 bilhão em investimentos, diz que é Jair Bolsonaro (PL) quem apresenta mais riscos em relação ao processo eleitoral de outubro.
“O risco é fiscal e, nesse ponto, Bolsonaro oferece muito mais riscos do que Lula”, disse em entrevista ao Valor Econômico nesta terça-feira (25).
Kayath afirmou que “ninguém acha que ele [Lula] vai fazer uma loucura” e diz que deve votar em Lula – ele nunca votou no PT – para derrotar Bolsonaro. “Ele não é de direita, é maluco”.
“É um movimento contrário ao de Bolsonaro. Enquanto Lula, com lances como o de Alckmin, busca cativar o centro, o presidente não pode fazer a mesma coisa. Se moderar, perde sua base mais fiel que acredita ser capaz de levá-lo ao segundo turno”, emenda.
“É isso que os investidores querem”, diz economista sobre Lula e Alckmin
A entrevista de Lula (PT) aos sites independentes, em que disse que “da minha parte não tem nenhum problema em ter [Geraldo] Alckmin como vice” soou como um afago aos ouvidos dos agentes do sistema financeiro, que viram uma sinalização de que o petista fará o que sempre fez: vai incluir todos nos debates sobre os rumos do país caso seja eleito novamente em outubro.
“O candidato que saiu na frente (das pesquisas) está rumando para o centro. É isso que os investidores querem”, resumiu o economista Roberto Motta, da Genial Investimentos, em live para investidores, quando foi atacado por bolsonaristas.
Ao explicar sua posição, Motta disse que “Lula estava em ambiente hostil para dar declarações que surpreenderam o mercado” e que teria usado a entrevista com a Fórum e sites independentes par mandar recado as “alas mais radicais do partido”.
A declaração de Lula teve forte reflexo no mercado financeiro. O dólar foi negociado abaixo dos R$ 5,50 pela primeira vez em dois meses. A queda de juros chegaram ao patamar mais baixo ao fim do dia e o Ibovespa subiu 1,79% aos 108.571 pontos.
Fonte/Referência: https://revistaforum.com.br/politica/lula-centro-investimentos-estrangeiros/