Há quase dois anos quando a pandemia começou ainda existia alguma esperança de que o combate ao vírus poderia tornar as pessoas mais solidárias e trazer lições ao ser humano. Passado esse tempo, e agora com a variante ômicron causando recordes no número de infectados no país, é possível ver que o coronavírus despertou o pior dos brasileiros: a selvageria. Agora, as pessoas começaram a agredir com violência os profissionais de saúde.
Após dois anos de tensão e jornadas extenuantes, enfermeiros e médicos que estão na linha de frente estão relatando cenas de terror. A médica Sabrina de Oliveira Lacerda, de 28 anos, foi agredida com puxões de cabelo e socos no rosto quando estava de plantão no posto de saúde de Novo Gama, no entorno do Distrito Federal.
Um casal, com sintomas de Covid, queria um atestado médico, segundo o G1. Quando a médica solicitou um teste para a confirmação começou a agressão. Sabrina sofreu um traumatismo cranioencefálico.
Neste domingo (30), reportagem de Cláudia Collucci, na Folha de S. Paulo, traz vários relatos de profissionais de saúde que também foram vítimas de pacientes irados. Há relatos de agressões físicas por conta do tempo de espera para ser atendido ou porque a população não entende que algumas pessoas têm prioridade no atendimento. E o pior: negacionistas e antivacinas estão muito violentos, incentivados com fake news disseminadas pelo próprio presidente e seus apoiadores. Outros querem fazer teste de Covid para poder viajar e não aceitam quando recebem a informação de que o SUS não banca o teste para essa situação.
O médico Lucas Guilherme de Lima, por exemplo, afirma que sofre “violência diariamente, mas agora, com esse tsunami da ômicron, aumentou muito. A maioria dos usuários reclama do tempo de espera, acha que a espera de seis horas é culpa do médico, do enfermeiro”. Ou seja, o sistema de saúde colapsou com a ômicron. Ele já chegou a atender 120 pacientes em 12 horas.
Como a própria reportagem aponta, as pessoas estão esgotadas após dois anos de pandemia, mas os profissionais estão mais ainda. E agora a ômicron veio com tudo. E não foi falta de aviso de cientistas e especialistas.
“O que podemos falar sobre a ômicron: vai pegar a partir de janeiro, nós vamos ter absurdamente muitos casos, nós vamos lotar os prontos-socorros. Eu estou afirmando, não estou relativizando, isso vai acontecer”, afirmou o médico infectologista Marcos Caseiro, em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia de 31 de dezembro de 2021.
O Brasil registrou neste sábado 207.316 casos de Covid-19 nas últimas 24 horas, segundo o consórcio de veículos de imprensa. A média móvel foi de 183.896 diagnósticos positivos, 166% maior que o cálculo de 14 dias atrás, o que demonstra tendência de alta. É a maior média móvel de óbitos já registrada desde setembro de 2021.
Fonte/Referência: https://revistaforum.com.br/coronavirus/tsunami-da-omicron-desperta-o-pior-do-ser-humano-agressoes-a-profissionais-de-saude/